sábado, 20 de fevereiro de 2010

O que lhe é familiar/O que aceitar

Estar perdida
Acostumei
Estar no escuro
Apaguei
Estar contando
os dias
as vitórias
e estar contando com uma pessoa somente
Re-amei

Estar em um caminho
Não sei
Encontrar sinais
Encontrei
E ainda não sei...
não acostumei

Acostumarei
O tempo e a repetição,
O desconforto vira conforto então
E não desistirei

O que lhe é familiar
Já acabou de criar
O que aceitar?
O novo, o fresco
O inusitado
bizarro, pitoresco
E acostumar-se a não mais estar numa floresta à noite sem bússola...

Referência today: Alanis, "Hand in my pocket" (youtube)

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Um Inverno. Com Sol, por favor.

Estou olhando meu mapa astral como se fosse um puzzle a ser resolvido. Talvez porque passei o dia jogando no computador.
Também estou olhando o filme "A Casa do Lago", o que é bem incoerente: um filme romântico e calmo no feriado de Hallow... ops, Carnaval.
Vendo Sandra Bullock cheia de casacos na neve, fiquei com saudade de inverno. Como estou no Rio, aqui não há nem previsão de que um dia se possa usar um casaco de lã. Ainda mais com o planeta esquentando cada ano mais...
E, com saudade do inverno, percebi porque demorei tanto pra gostar, ou voltar a gostar, de frio e vento gelado no rosto: no inverno passado, eu não aproveitei as coisas boas. Estava ocupada demais ficando deprimida e intocada em um quarto azul-esverdeado, preocupada demais com o que deveria fazer de modo que não era possivel fazer nada.
Nessa ocupação toda, não lembrei de acordar e fazer chocolate quente.
Não lembrei de ficar feliz por usar um casaco elegante, no maior estilo europeu.
Não lembrei de namorar, nem de dividir edredom.
Não tirei fotos, não andei pela cidade nos dias mais frios quando todos querem é ficar em casa, não fiz canja pra curar resfriado.
Não perdi a hora em cafeterias aconchegantes lendo um livro fantástico.
Não conversei com minhas amigas ao teleone enrolada em mantas quentes, dando risada da vida.
Não melhorei a decoração do quarto para que ficasse totalmente colorida, dando brilho para o branco da neve inexistente, mas presente em Porto Alegre.
Não aproveitei a sensação de quando o termômetro marca 5 graus e as cores e luzes trazem consigo um nó no peito de quase não aguentarmos a beleza de um momento insubstituível e muito próximo da perfeição.
Eu amo um frio. Quando faz frio fora e calor dentro, quando é possível acolher o próprio corpo nele mesmo, ou talvez seria a primeira a alma, e não o corpo, em um encontro que só é possível quando se escolhe, mas não se força nada.
Eu amo pijamas apeluciados, pantufas de bichinho e amores acolhidos do vento forte.
Eu amo não perder tempo, nem estações.
Eu me proponho a fazer mais das coisas que eu amo.

Referência do dia: o filme mela-cueca com trilha sonora de mulherzinha (ótima trilha, por sinal) "A Casa do Lago".

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Enquadrar-se

E a moda, e coisa e tal.
Para cada romântico idealista que existe, existe também um cético, muito provavelmente pessimista.
Neste estranho dia de verão eu me dou conta do poder benéfico da moda, a moda, a imagem bem arrumadinha, a maquiagem, a pose, e coisa e tal.
Sabe quando você se vê de cima, ou visualisa a foto de um momento como se já tivessem passado 50 anos daquele dia? Pois assim me fotografei, para olhar de longe.
Em um vestido bem cortado mal se entrevia a tristeza por ver a falta de cultura geral das pessoas que estavam no metrô.
Em um sapato colorido entravam pés que quase me fizeram ficar em casa, sem precisar encarar as mudanças brutas de caminhos que é preciso fazer.
Em um colar, penduravam-se lágrimas não derramadas e palavras agressivas que ficaram no silêncio.
Em uma bolsa casual, milhões de sentimentos que nunca serão compartilhados com qualquer um.
Em uma leve maquiagem, leves e grandes sonhos que talvez não sejam possíveis.
Mantendo a coluna ereta, o olhar sério e os lábios fechados (coisa que muitas mulheres hoje em dia não sabem fazer, mas não vou agora falar de conservadorismo porque leva tempo), ninguém percebia além do vestido, do sapato, do colar, da bolsa, da maquiagem. Portanto, tudo correu em perfeita harmonia, pude me enquadrar no grupo de passageiros sem esforço, sem olhares de estranhamento, talvez despercebida.
E foi assim que, depois um ano após concluir a faculdade de moda, passei a me vestir melhor e entender como é mais fácil viver em um plano superficial. Ou, pelo menos, tentar.

Referência do dia: a exposição lindona da Sophie Calle, "Cuide de você", no MAM RJ.