quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Wake Update

Quando você se dá conta que estava dormindo, após o agradecimento por ter acordado, percebe que é preciso fazer um update. Porque no tempo em que se dorme, as nuvens continuam a mover-se com a força do vento, e os ponteiros continuam a mover as pessoas com a força do centro.
Aimeudeus... esse dar-se conta não vem com chantilly. Não vem com colinho. Não vem com congratulações, não vem com aplausos, e não me venha com instantâneas epifanias, porque eu sei que isso também não vem no pacote.
Por onde se começa uma atualização de sistema? (alguém da informática sabe transpor em linguagem poética?)
Quando o bom e velho Windows ainda é bom, só precisa deixar de ser velho. Seria isso?
Wake up
Wake update

Referência do dia: Panda Bear e a Lua. Se possível, ouvir e ver as duas referências ao mesmo tempo, efeitos colaterais positivos surgirão.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Carta encontrada

[encontrada na papelada aqui dos pensamentos que decidi anotar]



eu sei que o mundo está em seus problemas
tudo está em seus problemas
a sorte não está em cena
nessa vida não se encena

todo o mundo vê o mau-humor
o mundo vê ao seu redor
e sente: foi você quem provocou
e não se pode negar

e não pára
e não passa
passa

não é de hoje que o homem se esforça
para existir

podia resolver os seus problemas
resolver seria apenas
se ao menos eles existissem (nessa parte se imagina um ser humano em um campo verde e um sol e um céu e o que realmente existe)
tudo o que você disse (nessa parte há tudo o que você disse)

a criatividade te condena
inventando palavras, problemas
burrices, poemas
resolver seria apenas
ter tudo aquilo que você disse
apagado

todo dia recebemos alegrias
e quanto
você devolve?

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Perfeito, como é.

Diga a uma pessoa sensata onde ela errou. Ela vai repensar, talvez até ficar chateada por instantes, e na próxima é possível que não cometa o mesmo erro. E deu, passou.
Diga a um perfeccionista onde ele errou. Ele vai pensar, ficar chateado por dias, e é possível que na próxima... é possível que não haja próxima, é possível que a ação não se repita, e se fosse possível, ele voltaria no tempo até que acreditasse não haver mais erros.

Não sei se é o fim do ano, não sei se é este calor, mas sei que venho por meio deste comunicado admitir meu maior defeito no ano de 2009 (nos outros devem ter havido outros. ops, deixa pra lá): perfeccionismo.

Através de um trabalho bacanérrimo que estou fazendo de Coaching, venho pensando nisso e esta semana encontrei uma matéria interessantíssima sobre perfeccionismo que esclarece porque é um defeitão (muitas pessoas não acreditam nisso). Resumo um trecho aqui:

"Ao contrário do que muitos acreditam, o traço maior da personalidade de um individuo perfeccionista não é a qualidade, a excelência, o auto-aperfeiçoamento, o crescimento pessoal, etc. Mas pura e simplesmente, uma tentativa obsessiva e recorrente de evitação de nossos erros, pelo medo de constatar a imperfeição inerente à condição humana. Sua principal característica não é o desejo pelo sucesso, mas o medo do fracasso."

Em uma atividade simples de rever trabalhos antigos e organizar pastas no computador, percebi-me separando muitos, muitos trabalhos para refazer, pois hoje eu sei que posso fazê-los melhor. Ora, hoje posso fazer muitas coisas melhor (e muitas ainda não), pois é exatamente este o resultado do tempo: evolução. Mas, minha filha, pirar por não conseguir voltar no tempo e refazer a vida, bom, isso não tem lógica nenhuma, vamos combinar.

Este será um dos últimos posts de 2009. Fico feliz por encerrar com este esclarecimento de vida que vem a calhar e vem também a tirar um grande peso dos meus ombros, sabendo que a próxima tarefa de vida não é corrigir algo que estou fazendo errado, mas simplesmente relaxar, viver e aceitar que as coisas (vivas que somos) transformam-se com o tempo - somente com o tempo - e não voltam, precisamente por isso devem ser aceita da maneira que são, deve-se abraçar o fato de que só podem ser como são, e ainda deve-se parabenizá-las por SEREM VIVAS, e como são.

Acho que estou falando de aceitação em um nível que eu nunca antes havia tocado. Espero entender e viver estas conclusões a partir de agora. Espero também poder passar isso pra mais gente, porque eu vejo ser um conhecimento útil. Bem útil.

Referência da noite: animação do Ivan Maximov e Regina Spektor cantando Real Love e errando, e é lindo! Ambos são de Moscou, e eu to pensando em ir pra lá! Heheheh!!!
Feliz fim de ano, etc.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Equilíbrio, equívocos

Sim, equilíbrio.
E antes de pensar em equilíbrio, pensar em idéias (eu sei que agora é ideias, mas escreverei idéias em protesto pessoal) que podem estar equivocadas.
Pensar no quanto se merece (ser feliz? não, nao vou escrever "ser feliz", além de ser vago e previsível, é exatamente o que eu diria por preguiça de parafrasear) potencializar as qualidades que já existem, absover qualidades que ainda não se tem e deixar o medo de lado. O quanto se merece respirar um ar puro, um ar de campo, sem estar no campo, sem estar em um sonho idealizado irreal.
Não sei explicar direito, mas pensar em acordar todo dia sem ansiedade e sem medo é um objetivo que, hoje, ainda não acredito que eu tenha potencial para realizar.
Mas vai saber, vai que dá certo. Vai que eu consiga, ano que vem espero, devido aos esforços que passam a ser empreendidos, acordar com problemas, mas sem ansiedade, sem medo e sem acreditar que eu não conseguiria resolvê-los, ou viver com os problemas que não podem ser resolvidos, desviando a atenção, a dedicação, para o que pode ser trabalhado.
Porque entre 8 e 80 existem outros 71 números inteiros esperando atenção, e entre estes, equilíbrio, o que não significa estar precisamente no meio, mas considerando aspectos além do 8, além do 80. Além da extremidade, além do conhecido, ou melhor dizendo, do mais conhecido.
Neste exercício de equilíbrio, a chance para o erro é fundamental, mas a concentração no erro é, para mim, paralizante, é o fim do exercício. E é tão fácil dar fim ao que não foi finalizado propriamente.
Hoje conversei com uma pessoa muito importante que me ilustrou o fato de aprimorar: só se pode aprimorar o que não está finalizado, mas também impossível aprimorar o que não foi EXPOSTO, posto à prova no mundo, devidamente disponível para avaliação e, em seqüência, aprimorado.
Finalizo dizendo que eu sei que o trema não existe mais na nova regra, mas eu gosto muito e acho desperdício não usar mais a tecla que está aqui, a mesma do 6. Porque é bonito, olha só: ¨

Referência de hoje: Formulário Ortográfico de 1943, uma lista que foi aprimorada e nem todos ficaram contentes com tal mudança. Mas o que se vai fazer, não é mesmo?! Há coisas na vida que o melhor a fazer é adaptar, irrelevar e investir tempo em coisas na vida que de fato importam.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Doses diárias

Pela ocasião de estar tomando um comprimido engraçado para suprir as doses diárias de vitaminas, venho a pensar nas doses diárias que não se encontram em farmácias.

Me falta também uma dose diária de tolerância comigo
Me falta uma dose diária de paciência, para esperar que o tempo faça as coisas que eu não posso fazer
Me falta uma dose diária de amor, de amor e de calor, e a carência de amor nos faz pessoas mais frias, anêmicas em sorrisos
Me falta a dose diária de um não-sei-o-quê que eu sei que existe

E eu sei que este complexo (complexo!) para suprir as doses diárias aqui listadas não se pode comprar na farmácia. Mas onde, então?

Culpinha por falar disso com o mundo acontecendo e, em geral, se ferrando. Mas ao mesmo tempo acredito que se cada um pensasse mais em si, num egoísmo produtivo, haveria uma evolução do todo. Se cada parte suprisse a si, o todo seria mais produtivo, principalmente pela não-necessidade de um pelo outro (o mesmo em relacionamentos). E quando não há necessidade, quando não há dependência, se permanece unido por vontade, por... amor.

Referência do dia: Este ótimo filme de Woody Allen, recomendo com todas as letras!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

abrir mão

Se existe algo de que eu reluto em abrir mão
Creio que seja a crença
Na falta de capacidade de chegar onde eu sei
Que quero, preciso e irei.


Exercícios de física quântica:
avançar no tempo e se ver neste lugar
Permanecer no presente estando neste lugar
Sentir-se pertencente a
Sentir-se pertencente fará-a pertencer
Sentir-se estando fará com que estejas
Hoje
Abrindo mão

Referência do dia: um pouco de sofrimento por abrir mão das coisas que criamos que já não servem pra nada. E reconstruções e anyway, essa vontade de conseguir sair voando em geral.
trailer de waking life.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Onde pisamos

Hoje - e talvez eu venha a me contradizer no futuro sem remorso algum - me clareou o fato de o sapato ser mais importante que o destino.
Não, não falo de moda. Falo de segurança. De self, de escolhas pessoais, de bagagem mental, de saber a si (podendo se saber diferente em outros momentos também), de pisar firme em seu sapato ser MAIS importante do que ter um caminho traçado, do que ter margens delimitadas, porque elas também vem a ser limitadas, ou melhor, limitadoras.

Hoje tive um passeio agradabilíssimo, senti nos olhos e no vento a palavra "liberdade" e acreditei: sim, isso só pode ser liberdade: estar seguro de seus sapatos e poder caminar sobre uma gigante página em branco. E eu ontem me remoendo por sair do caminho delimitado que fizera no passado.

Referência de hoje: esta ilustração lindaaaa de Janaína Rosa pro blog da Lilian Pacce. No dia em que encontrar este, eu compro!

sábado, 12 de dezembro de 2009

Balanços

Precisa ser coerente
Precisa ser flexível.

Precisa ser bondosa
Precisa exigir respeito
Precisa não deixar que passem por cima de si.

Precisa ser séria
Precisa rir.

Precisa se firmar
Precisa ir.

Precisa pensar no futuro
Precisa pensar apenas no agora.

Precisa ser comedida
Precisa aproveitar a vida.

Precisa se pôr em primeiro lugar
Precisa atender aos amigos.

Precisa cuidar da saúde
Precisa cuidar das finanças
Precisa cuidar do meio-ambiente
Precisa cuidar das pessoas próximas
Precisa socializar
Precisa trabalhar
Precisa render, produzir
Precisa relaxar.

Precisa ter e buscar razão
Precisa desenvolver seu lado espiritual.

Precisa ser muito exigente quanto ao amor
Precisa deixar o amor acontecer ao acaso, fluido.

Precisa tomar decisões
estar aberta à opiniões
e no meio disso tudo, equilibrar as emoções

Precisa, acima de tudo,
deixar a balança no meio
sem pender para o 8
sem cair subitamente para o 80.

A balança
no balanço parado
espera o vento
espera o próximo acontecimento.

É preciso tantas coisas
Tantas coisas imprecisas...

Referência do dia: torre de cartas (google imagens).

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Nãao, não foi isso o que eu quis dizer!

Mas disse. Sem abrir a boca.

Por muito tempo ainda eu hei de ficar intrigadíssima com "imagem" e o que ela comunica. Estou lendo um livro fantástico, "A Linguagem Secreta do Corpo", que entre outras coisas (comportamentos sociais, por exemplo) fala sobre postura, expressão facial, rigidez ou movimento do corpo. Segundo pesquisas, nossa comunicação acontece 55% através da linguagem corporal, 38% através do tom de voz e apenas 7% pelas palavras. Ou seja, mais do que a metade de uma conversa aconteceu em uma troca de olhares menos de dois segundos. A tal da "primeira impressão".

O livro trata desde posturas assumidas como reações espontâneas (que podem ser manipuladas a nosso favor) à posturas que adquirimos com a durabilidade de um pensamento. Digamos que desde criança a pessoa se sinta rejeitada, e até sua idade adulta não tenha superado essa crença: sua postura adquirirá tal forma, que somente com muito esforço poderá modificar.

É fascinante e verdadeiro: em poucos segundos, já podemos especular adjetivos para um ser humano que nunca antes cruzara nossa frente sem ao menos esta pessoa se expressar em palavras.

Também tenho estudado Personal Styling (Consultoria de Moda), e digo que eu não sabia muuuita coisa sobre imagem, e também boa parte do que sabia, gostava de esconder debaixo do tapete. "Ah, mas o que vale é a beleza interior..." É claro. Mas quem vai receber mais atenção: uma pessoa super bacana e bem vestida ou uma pessoa super bacana em camisetas de campanha política de 1990 e calças de abrigo? E quem fica melhor: aquele que condiz seu estilo com sua personalidade ou aquele que acha que está dizendo uma coisa, mas está dizendo ooooutra coisa através de sua postura e vestimenta? Dessas duas pessoas, qual passa mais confiança, digamos, em sua profissão?

No exercício de deixar um pouco de lado minhas indignações com as CLASSIFICAÇÕES em geral, vejo aos poucos que elas nos ajudam, e que bom que erramos tanto nos julgamentos, e a mente SIM, precisa admitir que o olho erra demais, mas é fato que sempre, sempre, sempre os faremos. Então por que não pôr-se disponível para este julgamento de forma mais coerente com o lado interior, com aquilo que mal sabemos explicar em conversas?!

De qualquer forma, vamos torcer para que os blogs continuem a atender os corcundas, os descabelados, os envocados com a vida, os medrosos, os relaxados, os que odeiam pensar em roupas, os que se deixam cobrir com qualquer (desimportante) imagem: há muito mais chance de estes serem ouvidos nos seus textos do que em público. Infelizmente.

Referências de hoje:
1. O filme Uma linda mulher (permito-me o clichê), quando Julia Roberts passa a ser ouvida e respeitada por desconhecidos e descobre que em si realmente havia uma linda mulher que até então não havia explorado sua beleza como ser humano. E
não virou uma megera depois de usar Chanel.
2. O filme Edukators, a parte em que o senhor capitalista fala sobre ser comunista depois dos 30
3. O filme The Shape of Things, que não é um bom filme mas ilustra perrrrfeitamente sobre o que estamos falando.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Pássaros no cais

Seja uma ligação no meio da noite, uma prece, uma teoria popular infundada ou ações subjetivas que queriam dizer outra coisa (como mandar um recadinho online quando precisava mesmo conversar por cinco horas): todos recorremos aos outros em nossas questões pessoais. Alguns a desconhecidos (padres, amigos virtuais, livros de auto-ajuda), outros a profissionais, outros aos amigos próximos, ou somente ao companheiro, até mesmo ao cachorro, afinal sabemos que os amimais são ótimos ouvintes e nunca errarão num conselho.

Essas tentativas todas estabelecem comunicações, trocas de idéias que podem gerar bons frutos, mas, em geral, chega um ponto em que os outros não estão dentro da sua cabeça, não estão dentro do seu coração, não estão dentro de seus olhos, e você percebe que insiste em bater nas portas erradas, ou por ingorância (não estar em uma posição em que consiga enxergar o quadro geral da sua vida naquele momento) ou por evitar bater na sua porta e precisar tomar decisões que mudem para sempre seu caminho.

Quando se passa muito tempo só, ou melhor, na própria companhia, sem a interferência de distrações, o que me aconteceu hoje de manhã, pode-se chegar a pontos latentes que esperavam ser ditos.

Chega um ponto em que você recebe ajuda das pessoas mas você é a única pessoa que pode se dar conselhos nos quais acredite.
Chega um ponto em que você recebe ombros amigos, o que te conforta, mas você é a única pessoa que pode se consolar em determinadas situações.
Chega um ponto em que é ótimo, ótimo mesmo, termos as pessoas com quem podemos contar, mas só uma que poderá resolver: você.
Chega um ponto em que se vê sozinho dentro de si, mas rodeado de boas pessoas dentro do seu barco.

Tantas são as vezes em que temos a humildade de buscar ajuda e nos frustramos por não encontrar soluções. E é um clichê o que direi, e todo clichê tem seus motivos de ser: a resposta está em si.

Referência do dia: o livro Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach.
Adiciono o comentário de que semana passada caiu um ninho no chão do prédio, três passarinhos morreram, mas ficar triste com isso não me ajudou em nada a valorizar o fato de estar viva, porque essa filosofia de livrinho de auto-ajuda/humildade religiosa não me serve. Estar vivo não significa automaticamente estar onde se deseja. Opa, isso talvez pareceu mórbido! Mas não foi a intenção. Só quis adicionar que gratidão à vida é mais do que glorificar-se por manter seu coração e pulmão trabalhando.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Sinais

Meu rosto mudou hoje diante do espelho. Não sei apontar o que mudou. Só vi que mudou.

Acredito que as intenções de uma pessoa, o caráter, as crenças pessoais, como ela encara a vida, são coisas ilustradas na expressão facial, e também acredito que se acentuam com a idade. Salvas as expressões de reação, temos algo que fala sobre nós constantemente, antes mesmo de podermos falar, pronunciar.

Em uma linguagem indecifrável em adjetivos e perfeitamente decifrável em sentimentos, comunicamo-nos com nossas faces de forma muito sincera, talvez o primeiro determinante de uma empatia. Ao contrário da moda, que pode ser manipulada para enganar ou acentuar qualidades, nosso corpo não camufla a mente: entrega-a.

Meu rosto mudou hoje diante do espelho. Não sei apontar o que mudou. Só vi que mudei a maneira de me ver. E talvez tenha definido algumas intenções na vida.

Referência do dia: o filme 28 dias, especialmente a parte em que fala de concentrar-se em mudar as pequenas coisas, as que podem ser feitas por você, depois soltar a bola e deixá-la ir, porque dali em diante você não tem controle sobre nada.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Reencontros

É estranho reencontrar pessoas de anos atrás. É mais estranho quando você está sem emprego, sem casa própria, sem muita segurança de si, com dois quilos a mais e precisando fazer um blog.

E é estranho que aquela pessoa não acompanhou o que aconteceu nesses anos todos, e ela vai perguntar coisas como: "E aí, tudo bem?" e você vai dizer, na entonação que sair, "Tudo, e contigo?", e a pessoa vai dizer "Tudo! Que andas fazendo?"

Bom, depende: você quer saber de agora? Ou de todos esses anos em que não nos falamos, em que eu mudei tanto de opinião, de guarda-roupa, mudei de playlist, de cidade, as pessoas em que confio, as coisas que carrego na bolsa, a maneira de desenhar, a postura, as amizades, enfim?!

No que me parece, esses encontros são nada mais que uma declaração que você e aquela pessoa que um dia fez parte da sua vida tomaram rumos diferentes, e não há mais motivos pro retorno, pois se houvesse, um reencontro seria planejado, buscado por uma das partes, ao contrário de um esbarrão na rua.

E tudo bem assim. As pessoas entram e saem de nossas histórias, assim que é. Não é bom nem ruim, simplesmente é. E um vago "Tudo bem!" resolve o fato de que uma ficou no passado da outra, sem remorsos, sem explicações pelo distanciamento. O meu "Tudo bem" disse: "Tudo bem, eu não te conheço mais mas foi bom relembrar daquele tempo! Voltemos às nossas estradas agora!"

Da mesma maneira que nos distanciamos, nos aproximamos de outras pessoas, que no futuro poderão também um dia esbarrar na rua e não nos conhecer mais. E o melhor que temos a fazer é guardar as boas lembranças, esperando que nossos "Tudo bem!" sejam sempre sinceros.

Referência da noite: o filme Encontros e Desencontros (site oficial).

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Levou mais de ano para acreditar, depois de percebia a real possibilidade.

Neste ano, resumiu-se muito, falou-se moderadamente, escreveu-se bastante e também viu-se muito. E tanto foi visto que até o que não estava lá foi detalhadamente descrito: monstros debaixo da cama.

Neste momento, dou risada de ter acreditado na presença de monstros, tão feios e tão fortes que então poderiam me impedir de pôr os pés no chão. Eu falo e falo de afirmar-me enquanto pessoa adulta, e quando vejo, estou brincando de inventar monstrinhos.

Mas o que quer que tenha acontecido, não acontece mais: o tempo só anda em soma, nunca em subtração. Monstros só podem existir na cabeça, nunca na visão. Eles que vão embora, eu não.

O mundo - aqui sendo também sinônimo de "eu" - é livre, é papel esperando ser riscado. O medo de riscar feio e não poder apagar veta os traços profundos, os traços importantes, os traços construtivos. Vai deixar de riscar por medo? Seria um desperdício de papel.

O papel não espera, acontece. Uma vez que se está riscando, arrisca-se tudo, e també, arrisca-se tudo pra ficar longe de monstros. O risco corre, e é assim que se desenha.

Referência do dia: cena do seriado Weeds, meu favorito. (Youtube. O vídeo demora um pouco pra aparecer). A referência de hoje é pelo estar outside (fora), por ser bom sair, por mais que haja ameaças, não há barreiras inventadas, e assim funciona melhor!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Cascas

Não, o dia de hoje não amanheceu estupendo. Ao menos eu amanheci disposta a me esforçar. E é isso: esforço. Do esforço nascem as coisas, não do céu...

Os planos pra hoje são almoçar em um lugar bacana e depois ir na Fnac, na seção de Artes, ver publicadas obras provenientes do esforço, ou melhor, idéia+esforço. Este será meu esforço do dia. E pode parecer uma piada dizer que "almoçar bem e ir pra Fnac" seja um esforço, mas considerando que eu preferia passar o dia dentro de uma árvore, sim, é esforço sair de casa, pegar um ônibus e ver gente.

Vou levar material de desenho também, ver se eu consigo desenhar fora de casa, com pessoas em volta sem pensar no que elas vão criticar, mas ao mesmo tempo pensando em desenhar para elas, e parar um pouco com essa coisa de desenhar pra mim e depois achar que não é material de mercado de trabalho.

Mudando de assunto, gostaria de dedicar um hip-hip-hurra ao Dr. José Antonio Perrone Soares, que me ajudará a resolver um problema de 10cm X 9cm, e aproveito para perguntar se problemas psicológicos também podem ser extraídos por videolaparoscopia.

Referência da manhã: pintura de René Ruduit, que foi meu professor na Feevale e cuja lembrança sempre me deixa intrigada pensando que muitas pessoas, mesmo que conheçamos tão pouco sobre elas, nos influenciam com sua atitude, a maneira que se comunicam, as palavras que pronunciam, ou melhor, que escolhem pronunciar.


segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Kids

Em um quadro geral, não me cobram nada. Portanto, eu o faço, de maneira cruel. De maneira que minhas cobranças sejam tão altas que eu me torne muito pequena, e incrédula de alcançá-las. Como se as cobranças tivessem que estar acima das que não me fazem.

O mundo te cobra a sobrevivência. Isso eu faço: respiro diariamente. Tenho fornecimento de comida e água. Até mesmo um local apropriado para dormir apropriadas horas de sono. Também alguma diversão, acesso à Internet, acesso à uma conta bancária.

E em um quadro geral, não tenho produzido coisas significantes, o início da minha carreira. E há dias que nada que eu deveria fazer naquele dia, fiz. E há dias que canso fazendo 20% das tarefas que me obriguei a fazer. E há dias em que eu gostaria de ser criança novamente, porque em relação às cobranças, há dias em que ainda sou: se não há um adulto responsável mandando, não estou fazendo. Que atitude infantil. Dizem que é bom quando os adultos não perdem a criança interior. Mas uma criança tem muitos aspectos, e nem todos são positivos.

Há tornados acontecendo, pessoas perdendo casas, doenças, falta de assistência, o aquecimento global parece não ser realidade pras indústrias que continuam a poluir. E eu aqui, cansada. Cansada de querer e não fazer, de pensar e não concretizar, de reclamar de mim e pôr pedras na minha frente, para que eu continue a reclamar, caminhando no mesmo lugar, se é que isso é possível. Hoje há tornados acontecendo, estou perdendo minha casa, estou emocionalmente doente, não tenho auto-assistência e pareço não ver o que acontece, pois continuo a prejudicar uma situação que já está ruim.

Essa foi a coisa metade viva que fui. Tudo que consegui ser hoje. Nestes dias, agradeço por a Terra girar, pois amanhã pode ser diferente.

Referência da noite: o álbum "You are free", pra animar calmamente.

domingo, 29 de novembro de 2009

A contradição enquanto passo para evoluir

Hoje acordei às 7h. É domingo, faz sol. Às 9, comecei a fazer um bolo para um amigo que está de niver. Às 9:05h, vi que não tinha creme de leite e precisei descer no mercadinho perto de casa para comprar.

No post de ontem, escrevi o seguinte:
"E te dá muita raiva dessa galera que acorda às 9 da manhã de domingo pra fazer feira. Quem eles pensam que são?! Convencidos, garanto que dormiram às 22h, entediados."

E eu não fui dormir às 22h, e eu não fui pro mercadinho convencida, e não foi um programa de vida-mega-saudável-irritante. Aliás, percebi que, saindo essa hora, com um tempo razoavelmente bom, a iluminação na rua é diferente do resto... e como é domingo, quase não há pessoas na rua, o que me permitiria ótimas fotografias (se eu tivesse uma câmera...) e que sair domingo às 9 não é uma atividade previsível, ou então PODE NÃO SER. E percebi também como é bom estar aberto à contradição.

Bom, aí podemos incluir o pensamento de que "seria mais corretinho não ficar criticando as coisas e não ser intolerante com quase nada, pois seria uma maneria de não se contradizer. Se você jura por A+B que nunca faria tal coisa, depois faz, por que jurar?". Porque a convicção também é um item necessário à formação de caráter. Tanto quanto mudar de idéia. E porque eu não vou ficar chateada em me contradizer, seja em uma discussão onde outra pessoa defenda seu ponto de vista tão admiravelmente que eu mude de idéia, seja nas minhas frases que eu mudo no dia seguinte, seja em atitudes que eu nem perceba que estou indo contra o que acreditara.

Vejo a contradição como algo muito bonito, e também muito longe da hipocrisia, porque um hipócrita mente, não crê no que fala enquanto o fala. E vejo, portanto, a contradição como um passo para evoluir, abrir horizontes que a própria pessoa havia fechado.

Eu sou vegetariana há cerca de dois anos. Sexta-feira comi um combinado de sushi e sashimi. Estava delicioso. Posso ter perdido a razão de discursar sobre o vegetarianismo depois dessa, mas também vim a pensar que esses discursos são unilaterais, fechados. Um onívoro pode fazer muito mais pela luta ecológica do que eu, e como fica meu discursinho?! Continuo vegetariana, mesmo que os Tribunais dos Ativistas me condenem. Minhas convicções são minhas, não dos outros. E eu as derrubo quando bem desejar. E as dos outros são as dos outros. A gente troca idéias, mas é isso, cada um na sua.

Referência do dia: I'm not there (site do filme).

sábado, 28 de novembro de 2009

Princípio da Inércia

Fonte: Wikipedia.

"A inércia é uma propriedade física da matéria (e segundo a Relatividade, também da energia). Considere um corpo não submetido à ação de forças ou submetido a um conjunto de forças de resultante nula; nesta condição esse corpo não sofre variação de velocidade. Isto significa que, se está parado, permanece parado, e se está em movimento, permanece em movimento e a sua velocidade se mantém constante. Tal princípio, formulado pela primeira vez por Galileu e, posteriormente, confirmado por Newton, é conhecido como primeiro princípio da Dinâmica (1ª lei de Newton) ou princípio da Inércia.

Podemos interpretar seu enunciado da seguinte maneira: todos os corpos são "preguiçosos" e não desejam modificar seu estado de movimento: se estão em movimento, querem continuar em movimento; se estão parados, não desejam mover-se. Essa "preguiça" é chamada pelos físicos de Inércia e é característica de todos os corpos dotados de massa."

Isso é tão engraçado: uma lei da física falando de comportamento humano mais claramente do que as teorias sobre comportamento humano costumam teorizar.

É isso mesmo: quando estamos empolgados, fazendo coisas, ou nem tão motivados assim, mas de qualquer forma fazendo coisas, agindo, uma ação a mais está longe de ser um sacrifício. Já quando passamos o fim-de-semana em casa, mexendo nada mais que os dedos pra digitar ou, pior ainda, o ventilador acaba por ser a única coisa móvel na casa, uma simples ação de descer pra comprar o pão do café torna-se do tamanho de uma maratona. Enorme. No Equador.

E se você acaba criando coragem de sair na rua, fica convicto de que os vizinhos e pessoas na volta notam que você está brincando de zumbi e "devia estar morrendo de fome, o coitadinho, pra sair de casa desse jeito". E te dá muita raiva dessa galera que acorda às 9 da manhã de domingo pra fazer feira. Quem eles pensam que são?! Convencidos, garanto que dormiram às 22h, entediados. Eu, pelo menos, tinha o que fazer. Ok, era um programa inútil. Mas de qualquer forma... QUEM ELES PENSAM QUE SÃO? Corpos em velocidade, portanto superiores? (Não sei se superiores, mas definitivamente mais determinados ao saírem do estado nato de preguiça. Comofaz?).

Em resumo, é norrrrmal fazer isso aos domingos. Mas não todos os dias. Se o seu corpinho não está entrando em estado de movimento, é difícil que entre sozinho, mas sempre há quem possa ajudar, o que me faz novamente agradecer às pessoas que desempenham suas profissões de maneira empolgada, interessada e comprometida à não-inércia (inclusive das informações): no meu ver, é esse desempenho, essa dedicação visceral que move o amor pelas coisas. Vivas que somos.

Referência do dia: Der Lauf der Dinge (youtube).

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Coisas contraditórias que somos

Humor melhor, tolerância maior, menos reclamações, mais ações. E acredita que isso me acontece em dias de tpm? Bom, de mim eu não duvido nada!

Tive um bom dia de direcionamento profissional/futuro pessoal, acredito ser muito importante ter um objetivo, um plano, mesmo (e falo super sério) que este plano seja viver na boa se sustentando de uma maneira qualquer, deixando a parte divertida pra depois do trabalho. Não sei, não faz parte do que tracei pra mim, mas não ter uma carreira funciona pra algumas pessoas.

Qualquer decisão que se faça sobre "o plano de vida" (hoje forcei compreender isto) é apoiada pela TOLERÂNCIA, pois é ela quem vai ajudar em uma "adaptação aparente" que te permita não ser adaptado em essência, em personalidade, em ações inusitadas. Enfim, vai te gerar mais liberdade dentro do ambiente gradeado que não se pode evitar, mas o sentimento de liberdade te lembra que dentro da imaginação não existem essas grades.

Tolerante é algo que eu nunca atribuí à minha pessoa, mas novidade e experimentação sim, então... vamos experimentar a tolerância!

Lembrando que "tolerar" é uma palavra muito peculiar. Claro que os dicionários vão dar uma definição bonita e exata (vale a pena ver o final da definição no link! rs!), mas eu vejo que a grande sacada dessa palavra seja "ok, você não adora a existência disso, mal consegue aceitar, mas pro bem geral do povo - e seu, principalmente - engole. E tá, não se discute mais, não fica o dia pensando que aquilo te contraria. Essa coisa não vai mudar, de qualquer forma. Vamos concentrar em outras que podem."

Referência do dia: meu primeiro estilista favorito, Martin Margiela.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Super nós

Acredito que todos temos uma idéia de um "super-eu". Às vezes são adjetivos soltos, às vezes uma imagem pronta, tudo tendendo a uma idealização fantasiosa de que "se eu fosse assim, faria tudo que ainda não fiz, faria o que não consigo hoje, meu estado de humor seria sempre positivo".

Minha pergunta é: esta pessoa idealizada é você melhorado ou é outra pessoa?

Quando vejo filmes que gosto muito, tenho a tendência de desejar ter uma imagem "quase idêntica à protagonista". Claro que em filmes as qualidades e defeitos das personagens são frequentemente postos em uma perspectiva de admiração, uma elevação da pessoa real.
Mesmo sabendo disso, repito pensamentos como "que bom seria ter esses cabelos", "que maneira interessante de dizer isto, eu poderia falar mais assim", "se eu morasse em Londres as coisas seriam diferentes"... e essas frases juntam-se à minha lista de adjetivos que eu gostaria, mas não sou. E nesse meio tempo, esqueço de escrever e evoluir os adjetivos que já sou. O que é minha natureza.

E por natureza, entende-se interno e externo, sendo que o externo é a melhor maneira de explicar, ilustra. Ilustrar é sempre mais esclarecedor! Então eu posso, sim, emagrecer, mas vou continuar com o mesmo formato de corpo. Eu posso, sim, hidratar os cabelos, e até mesmo pintá-los, mas terei sempre poucos fios na cuca. Eu posso mudar de estilo, mas vou continuar caminhando da mesma maneira e me portando com a mesma atitude, e atitude faz muito mais o visual do que os tecidos que você está usando. Claro que algumas coisas na atitude podem ser modificadas, como manter uma postura mais confiante, só que isso leva tempo, é um processo lento.

De maneira geral, gostaria de parar de pensar no "super-eu" que é na verdade outra pessoa e começar a pensar no "eu-bônus", algo possível, que utilize o que já trago, que potencialize e que possa pôr em uma posição digna e confiante o meu jeito de ser, admitindo as falhas, os pensamentos desviantes, o esqueleto que me mantém.

Referência de hoje: Kate Nash - Skeleton Song (youtube)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Peixes e fragmentos marítimos

Hoje saindo da terapia me obriguei a não fazer a ação automática de posicionar os fones de ouvido de maneira a ignorar o mundo imprevisível e desapontador em volta.

Progresso. Mini.

Saí sem fones neste mundo onde a adaptação é, para alguns, tarefa árdua, os frutos da adaptação são insignificantes e qualquer sinal de sucesso da tarefa seria também motivo de luto.

Ontem à noite, num estado de sonolência, a fotografia do meu corpo deitado, cansado, pesado devido às coisas que decido carregar, parecia a de um peixe fora da água. Longe da água, um peixe respira por poucos segundos. E vim, então, a refletir se este meu esforço constante de adaptação no mundo "convencional" não seria tão idiota quanto um peixe se esforçar para criar pernas e pulmões e caminhar na terra.

Em uma situação dessas, o mais inteligente para o peixe seria procurar água e... nadar. Fazer o que ele sabe! Seguir sua natureza. E cabe a mim então encontrar e/ou criar um ambiente aquático. Tenho também a certeza de que, criando um rio, haverá o encontro com outros peixes. E seguindo até o mar, uma infinidade de seres marinhos que talvez também tenham tentado caminhar por terra sem sucesso.

Gosto dessa analogia por lidar com clareza da diferença entre ambientes e onde cada natureza se encaixa, pois você também não pode pedir para um mamífero (ok, salvo exceções da classificação biológica...) sobreviver na água. Outra coisa é que a utilização da frase "mergulhar em si" é muito frequente e tem a ver com tudo isso. E por outras coisas mais.

Este insight já está me trazendo bons sentimentos, alguma aceitação pessoal, músculos mais relaxados, diminuição do uso de fones de ouvido e de desvio de olhares. Passei, aliás, o dia imaginando ter nadadeiras e escamas, numa viagem de flutuar no ar... os Beatles também devem ter passado por isso. Ha! ok...

Saindo da idéia de que 2009 não fora um ano produtivo, vejo que o que mais fiz neste tempo todo foi buscar minha afirmação como pessoa adulta e encontrar minha natureza, perguntando diariamente "quem sou" e juntando os fragmentos de respotas, analisando os fragmentos e posteriormente juntando-os, buscando formas de obter um resultado satifatório, um conjunto sólido com um núcleo identitário forte que me permita evoluir com direção. E agora vejo uma fase de investir na segurança deste conjunto e de posicioná-lo no mundo.

Referência do dia: Regina Spektor.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Apresentação

Venho, por meio deste, comunicar, com o simples fim de manter a sanidade mental e treinar essa tal de exposição ao mundo.

Como primeiro post, uma apresentação: meu nome é Bárbara, eu adoro este nome (não sei se teria tão boa idéia), sou formada em Moda há onze meses, desempregada, atualmente duvidando da minha capacidade profissional. Moro com os pais, ou melhor, mãe e padrasto, gostaria de morar em Marte, passo muito tempo me sentindo sozinha e o resto do tempo propositalmente me isolando da tal sociedade por meio de mp3 player, livros, cadernos de pensamentos/desenhos, óculos escuros, desvio de olhares e/ou respostas curtas. Embora eu não acredite que estas sejam atitudes adultas, tenho hoje 23 anos e quase todos os dias acordo me sentindo uma pessoa adulta.

Um dos meus hobbies mais frequentes é amaldiçoar a humanidade e o marketing, a televisão (telenãovisão, como queiram) e o fracasso cultural da minha geração, tendo sido obrigada, como muitos, a ver que o século XXI nos trouxe as SUPER NECESSÁRIAS notícias variadas do globo.com, a crescente audiência do BBB, a quantidade fantástica de vídeos bons no youtube como EMPREGADA ESPANCANDO IDOSOS ou GATINHA NA LAJE e também o Windows Vista.

Fato muito engraçado é que, escolhendo nome para o blog - quase como escolheria uma roupa para encontrar pessoas nunca antes vistas - deparei-me com três títulos que já estavam em uso.
Curiosa, entrei nestes blogs com cujos títulos eu me identificava para ver se haveria outra identificação além, uma compatibilidade de idéias.

Engraçada que a vida é, houve, sim, identificação, principalmente de pontos fracos (eita, assuntinho de blog). E houve novamente a confirmação de que sempre há pessoas com os mesmos interesses que você, ou com maneiras de pensar quase idênticas, e essas pessoas se espalham pelo mundo...

Essas pessoas dos blogs também tinham problemas de insegurança profissional. E também queriam morar em Marte mas estavam sem grana pra conta de telefone (as tarifas de Discagem Direta Interplanetária são um absurdo hoje em dia). E não sabiam nada sobre "o que fazer agora". E descobriram num momento x o sentido da existência e tudo estava lindo, tudo fazia sentido, o amor, a natureza, o tempo... e esqueceram assim que acordaram no dia seguinte.

Que gracinha que nós somos, às vezes nos sentimos tão esquisitos e a auto-estima fica no banco do ônibus, e às vezes nos sentimos tão especiais mas "a sociedade não sabe e eu a odeio". E no fim, tem tanta gente especial e também esquisita e que esquece a auto-estima por aí. E essa gente toda formaria um país. Enooorme. Onde se faz o que se GOSTA MUITO e se gosta muito dos outros e nesse país não se pediria desculpas nem se usaria a humildade (instrumento de diminuição da falha humana, de diminuição da carga de assumir suas palavras com louvor, por mais errado que se possa e deva estar) para ser quem se é.

Esse país é absolutamente possível na Internet. É?


Referência de hoje: Funny Ha Ha, do diretor Andrew Bujalski