domingo, 29 de novembro de 2009

A contradição enquanto passo para evoluir

Hoje acordei às 7h. É domingo, faz sol. Às 9, comecei a fazer um bolo para um amigo que está de niver. Às 9:05h, vi que não tinha creme de leite e precisei descer no mercadinho perto de casa para comprar.

No post de ontem, escrevi o seguinte:
"E te dá muita raiva dessa galera que acorda às 9 da manhã de domingo pra fazer feira. Quem eles pensam que são?! Convencidos, garanto que dormiram às 22h, entediados."

E eu não fui dormir às 22h, e eu não fui pro mercadinho convencida, e não foi um programa de vida-mega-saudável-irritante. Aliás, percebi que, saindo essa hora, com um tempo razoavelmente bom, a iluminação na rua é diferente do resto... e como é domingo, quase não há pessoas na rua, o que me permitiria ótimas fotografias (se eu tivesse uma câmera...) e que sair domingo às 9 não é uma atividade previsível, ou então PODE NÃO SER. E percebi também como é bom estar aberto à contradição.

Bom, aí podemos incluir o pensamento de que "seria mais corretinho não ficar criticando as coisas e não ser intolerante com quase nada, pois seria uma maneria de não se contradizer. Se você jura por A+B que nunca faria tal coisa, depois faz, por que jurar?". Porque a convicção também é um item necessário à formação de caráter. Tanto quanto mudar de idéia. E porque eu não vou ficar chateada em me contradizer, seja em uma discussão onde outra pessoa defenda seu ponto de vista tão admiravelmente que eu mude de idéia, seja nas minhas frases que eu mudo no dia seguinte, seja em atitudes que eu nem perceba que estou indo contra o que acreditara.

Vejo a contradição como algo muito bonito, e também muito longe da hipocrisia, porque um hipócrita mente, não crê no que fala enquanto o fala. E vejo, portanto, a contradição como um passo para evoluir, abrir horizontes que a própria pessoa havia fechado.

Eu sou vegetariana há cerca de dois anos. Sexta-feira comi um combinado de sushi e sashimi. Estava delicioso. Posso ter perdido a razão de discursar sobre o vegetarianismo depois dessa, mas também vim a pensar que esses discursos são unilaterais, fechados. Um onívoro pode fazer muito mais pela luta ecológica do que eu, e como fica meu discursinho?! Continuo vegetariana, mesmo que os Tribunais dos Ativistas me condenem. Minhas convicções são minhas, não dos outros. E eu as derrubo quando bem desejar. E as dos outros são as dos outros. A gente troca idéias, mas é isso, cada um na sua.

Referência do dia: I'm not there (site do filme).

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