quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Peixes e fragmentos marítimos

Hoje saindo da terapia me obriguei a não fazer a ação automática de posicionar os fones de ouvido de maneira a ignorar o mundo imprevisível e desapontador em volta.

Progresso. Mini.

Saí sem fones neste mundo onde a adaptação é, para alguns, tarefa árdua, os frutos da adaptação são insignificantes e qualquer sinal de sucesso da tarefa seria também motivo de luto.

Ontem à noite, num estado de sonolência, a fotografia do meu corpo deitado, cansado, pesado devido às coisas que decido carregar, parecia a de um peixe fora da água. Longe da água, um peixe respira por poucos segundos. E vim, então, a refletir se este meu esforço constante de adaptação no mundo "convencional" não seria tão idiota quanto um peixe se esforçar para criar pernas e pulmões e caminhar na terra.

Em uma situação dessas, o mais inteligente para o peixe seria procurar água e... nadar. Fazer o que ele sabe! Seguir sua natureza. E cabe a mim então encontrar e/ou criar um ambiente aquático. Tenho também a certeza de que, criando um rio, haverá o encontro com outros peixes. E seguindo até o mar, uma infinidade de seres marinhos que talvez também tenham tentado caminhar por terra sem sucesso.

Gosto dessa analogia por lidar com clareza da diferença entre ambientes e onde cada natureza se encaixa, pois você também não pode pedir para um mamífero (ok, salvo exceções da classificação biológica...) sobreviver na água. Outra coisa é que a utilização da frase "mergulhar em si" é muito frequente e tem a ver com tudo isso. E por outras coisas mais.

Este insight já está me trazendo bons sentimentos, alguma aceitação pessoal, músculos mais relaxados, diminuição do uso de fones de ouvido e de desvio de olhares. Passei, aliás, o dia imaginando ter nadadeiras e escamas, numa viagem de flutuar no ar... os Beatles também devem ter passado por isso. Ha! ok...

Saindo da idéia de que 2009 não fora um ano produtivo, vejo que o que mais fiz neste tempo todo foi buscar minha afirmação como pessoa adulta e encontrar minha natureza, perguntando diariamente "quem sou" e juntando os fragmentos de respotas, analisando os fragmentos e posteriormente juntando-os, buscando formas de obter um resultado satifatório, um conjunto sólido com um núcleo identitário forte que me permita evoluir com direção. E agora vejo uma fase de investir na segurança deste conjunto e de posicioná-lo no mundo.

Referência do dia: Regina Spektor.

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