quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Nãao, não foi isso o que eu quis dizer!

Mas disse. Sem abrir a boca.

Por muito tempo ainda eu hei de ficar intrigadíssima com "imagem" e o que ela comunica. Estou lendo um livro fantástico, "A Linguagem Secreta do Corpo", que entre outras coisas (comportamentos sociais, por exemplo) fala sobre postura, expressão facial, rigidez ou movimento do corpo. Segundo pesquisas, nossa comunicação acontece 55% através da linguagem corporal, 38% através do tom de voz e apenas 7% pelas palavras. Ou seja, mais do que a metade de uma conversa aconteceu em uma troca de olhares menos de dois segundos. A tal da "primeira impressão".

O livro trata desde posturas assumidas como reações espontâneas (que podem ser manipuladas a nosso favor) à posturas que adquirimos com a durabilidade de um pensamento. Digamos que desde criança a pessoa se sinta rejeitada, e até sua idade adulta não tenha superado essa crença: sua postura adquirirá tal forma, que somente com muito esforço poderá modificar.

É fascinante e verdadeiro: em poucos segundos, já podemos especular adjetivos para um ser humano que nunca antes cruzara nossa frente sem ao menos esta pessoa se expressar em palavras.

Também tenho estudado Personal Styling (Consultoria de Moda), e digo que eu não sabia muuuita coisa sobre imagem, e também boa parte do que sabia, gostava de esconder debaixo do tapete. "Ah, mas o que vale é a beleza interior..." É claro. Mas quem vai receber mais atenção: uma pessoa super bacana e bem vestida ou uma pessoa super bacana em camisetas de campanha política de 1990 e calças de abrigo? E quem fica melhor: aquele que condiz seu estilo com sua personalidade ou aquele que acha que está dizendo uma coisa, mas está dizendo ooooutra coisa através de sua postura e vestimenta? Dessas duas pessoas, qual passa mais confiança, digamos, em sua profissão?

No exercício de deixar um pouco de lado minhas indignações com as CLASSIFICAÇÕES em geral, vejo aos poucos que elas nos ajudam, e que bom que erramos tanto nos julgamentos, e a mente SIM, precisa admitir que o olho erra demais, mas é fato que sempre, sempre, sempre os faremos. Então por que não pôr-se disponível para este julgamento de forma mais coerente com o lado interior, com aquilo que mal sabemos explicar em conversas?!

De qualquer forma, vamos torcer para que os blogs continuem a atender os corcundas, os descabelados, os envocados com a vida, os medrosos, os relaxados, os que odeiam pensar em roupas, os que se deixam cobrir com qualquer (desimportante) imagem: há muito mais chance de estes serem ouvidos nos seus textos do que em público. Infelizmente.

Referências de hoje:
1. O filme Uma linda mulher (permito-me o clichê), quando Julia Roberts passa a ser ouvida e respeitada por desconhecidos e descobre que em si realmente havia uma linda mulher que até então não havia explorado sua beleza como ser humano. E
não virou uma megera depois de usar Chanel.
2. O filme Edukators, a parte em que o senhor capitalista fala sobre ser comunista depois dos 30
3. O filme The Shape of Things, que não é um bom filme mas ilustra perrrrfeitamente sobre o que estamos falando.

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