segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Pássaros no cais

Seja uma ligação no meio da noite, uma prece, uma teoria popular infundada ou ações subjetivas que queriam dizer outra coisa (como mandar um recadinho online quando precisava mesmo conversar por cinco horas): todos recorremos aos outros em nossas questões pessoais. Alguns a desconhecidos (padres, amigos virtuais, livros de auto-ajuda), outros a profissionais, outros aos amigos próximos, ou somente ao companheiro, até mesmo ao cachorro, afinal sabemos que os amimais são ótimos ouvintes e nunca errarão num conselho.

Essas tentativas todas estabelecem comunicações, trocas de idéias que podem gerar bons frutos, mas, em geral, chega um ponto em que os outros não estão dentro da sua cabeça, não estão dentro do seu coração, não estão dentro de seus olhos, e você percebe que insiste em bater nas portas erradas, ou por ingorância (não estar em uma posição em que consiga enxergar o quadro geral da sua vida naquele momento) ou por evitar bater na sua porta e precisar tomar decisões que mudem para sempre seu caminho.

Quando se passa muito tempo só, ou melhor, na própria companhia, sem a interferência de distrações, o que me aconteceu hoje de manhã, pode-se chegar a pontos latentes que esperavam ser ditos.

Chega um ponto em que você recebe ajuda das pessoas mas você é a única pessoa que pode se dar conselhos nos quais acredite.
Chega um ponto em que você recebe ombros amigos, o que te conforta, mas você é a única pessoa que pode se consolar em determinadas situações.
Chega um ponto em que é ótimo, ótimo mesmo, termos as pessoas com quem podemos contar, mas só uma que poderá resolver: você.
Chega um ponto em que se vê sozinho dentro de si, mas rodeado de boas pessoas dentro do seu barco.

Tantas são as vezes em que temos a humildade de buscar ajuda e nos frustramos por não encontrar soluções. E é um clichê o que direi, e todo clichê tem seus motivos de ser: a resposta está em si.

Referência do dia: o livro Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach.
Adiciono o comentário de que semana passada caiu um ninho no chão do prédio, três passarinhos morreram, mas ficar triste com isso não me ajudou em nada a valorizar o fato de estar viva, porque essa filosofia de livrinho de auto-ajuda/humildade religiosa não me serve. Estar vivo não significa automaticamente estar onde se deseja. Opa, isso talvez pareceu mórbido! Mas não foi a intenção. Só quis adicionar que gratidão à vida é mais do que glorificar-se por manter seu coração e pulmão trabalhando.

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